segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Chuva silenciosa


Caminho em meio a chuva fria, as gotas escorrem em meu rosto, chegam aos meus lábios, eu paro em uma esquina, ergo minha cabeça em direção ao céu; as gotas caem incessantemente, fecho os olhos...
A visão que eu tenho do mundo, é totalmente diferente, da que você tem. Eu gostaria, de poder guardar esta visão eternamente, as gotas caindo em meu rosto. Mas a única coisa que me vêm a mente, são seus negros olhos, me fitando, sem piscar, como se fossem entrar dentro dos meus pensamentos, arrancar toda a dor, pintar o meu céu que é cinza do azul mais brilhante. 
Eu não era capaz de distinguir o cinza de azul, ou amarelo de verde, meu mundo tinha apenas 3 cores, preto, cinza e branco. Eu não reconhecia rostos das pessoas na rua, para mim eram apenas borrões desfocados, nada me interessava, eu sentava nos cantos, abraçando meus joelhos, e enfiava minha cabeça entre eles, de uma forma que eu não enxergasse a claridade, que me incomodava imensamente. Eu apagava a luz de dia e fechava as janelas, não por que eu odiava a claridade, mas é que o escuro me propciava a sonhar acordado, e eu sonhava qualquer outra coisa diferente da minha vida, não apenas por que eu a odiava, mas por que eu não achei até o presente momento, alguém pra me ensinar que o mundo pode ser um lugar muito bom, quando você tem alguém para compartilhar sonhos, emoções; coisas que não vendem no mercado, nem que são encontradas no fundo do copo, e vão embora com a ressaca!
Você exerce um poder extraordinário sobre o meu ser, eu me sinto capaz de realizar qualquer coisa quando estou a teu lado, apenas para ter este lindo sorriso como recompensa. Por que este sorriso me conquistou de uma forma, pura e inocente, foi ganhando terreno no meu coração, onde outrora apenas cresciam mágoas, tristezas, incertezas , nada que realmente valhesse a pena colher, mas eu pegava estes sentimentos, e caminhava inseguro todos os dias, não importando como me tratassem, me sentia, um ser sem valor, chutado de todos os lados...

(...incontáveis gotas, lavam minha alma...)

Eu não me importaria se fosse deixado à mercê, mas a sua mão me alcançou, me tirou do mar de mágoas, tristezas e incertezas... Tuas mãos curaram minhas feridas, feitas em almas, pela rejeição alheia, o teu abraço, é o calor da minha existência, teus olhos, enobrecem minha alma.

(...e juntou as mãos, como que um sinal de oração , e sussurou: chuva silenciosa, leve embora toda a mágoa e dor...)

E eu continuo na esquina, com a cabeça erguida, imaginando, como foram criados os sentimentos, e em como eles nos influenciam, nosso estado de espírito, nosso humor, enfim, tudo...

(...as roupas negras enxarcadas, acordar num ressalto, não saber onde estar, e de repente, a paz de espírito imensa...)

Você coloca os lábios sobre as minhas orelhas, e diz suavemente, sorria garoto, por que se você chorar, eu não vou ser capaz de ficar feliz nunca... sorria garoto, que o seu sorriso é capaz de dominar o mundo.
Seja o meu guia, seja a minha luz, me tire toda esta dor, que corrói meu coração a cada instante, como um parasita maldito, que apenas nasceu para me destruir, os seus olhos irão iluminar minha consciência, e o seu sorriso, será minha razão de existir.

Eu apenas conhecia a dor, ela era a minha companheira diária, e confesso que já estava me acostumando a sofrer... Minha memória me pregava peças, de momentos felizes que não existiram.


Lord Jon Demon

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